Aqui está um projeto que te faz refletir, te faz parar e pensar no que a vida é, e como o tempo passa rápido.Eu, Vanessa Baron, juntamente com a Kelly Cristiane, realizamos um projeto envolvendo memórias e poesias no Lar de idosos Coração de Jesus, na cidade de Rolante.Por meio desse projeto, proporcionamos aos idosos poesias da poeta brasileira Cora Coralina, fotografias, música e muita diversão.Ao final, nossos encontros com eles resultaram na produção de poemas, retratando a vivência de alguns.Salientamos que esta produção cultural foi financiada com recursos da Lei Aldir Blanc.

A gratidão de Nadir
Do profundo do olhar de Nadir
Emana uma gratidão que emociona
Na sombra da árvore, cercada de amigos
Nadir celebra a vida
Agradece pelo presente
Por estar comendo um bolo
E sentindo o vento no rosto
Por não estar no hospital como no ano anterior
Nadir não fala muito
Silencia seus pensamentos e os guarda pra si
De feições serenas, ela sopra as velas e sorri
Nadir é bondade, é alegria suave, é gratidão pelo existir.

A inocência de Doraci
De passos leves e inquietos
Doraci percorre o espaço ao redor
A memória falha quando fala do passado
Ela precisa descansar, relembrar
Dar tempo às lembranças para surgirem
Doraci é menina, inocente, tranquila
Às vezes pede silêncio
Precisa escutar os próprios pensamentos
Outras vezes diz o que pensa
Não teme julgamentos
Depois pede desculpas
Pelo que disse, o que fez, o que os outros fizeram
Doraci abraça, solta as palavras sem medo
Ela é franqueza, sinceridade, coração.

Memórias de Iracema
Saudosa, Iracema revisita o passado
Lá ela encontra o marido
Um amor que a morte separou após 50 anos
Uma dor que ela ainda carrega
É também no passado que está a filha
Transformada em anjo ainda tão nova
Iracema traz marcas de uma vida sofrida, mas bela
De repente, ela solta a voz em um canto
A juventude emerge em seus braços cansados
Iracema carrega na voz a força que a sustentou toda a vida
A voz de Iracema é forte, como ela
Nos versos e na música sua alma se renova
Depois se cala, recolhe-se em suas memórias
Onde habita a poesia de uma trajetória linda
Que ela não se cansa de contar.

A alegria de Astor
De riso fácil e piada pronta
Astor leva a vida leve
Ele diz acreditar em dias melhores
Mas está feliz com o dia de hoje
Sobre as rodas de sua cadeira
Astor brinca, faz graça
Do passado, pouco fala
E pra lá não gostaria de voltar
Tem contentamento no agora
Astor emana uma energia contagiante
Uma felicidade natural
Astor é leveza e alegria.

O mundo de Celita
Celita habita o silêncio de seu mundo
Os ouvidos já não cumprem bem o seu papel
Ela parece envolta em um universo particular
Celita, suas lembranças, uma incógnita
No rosto as marcas do sol
Que a aqueceu todos os dias
Memórias de uma jornada
Um caminho
Quem terá caminhado com ela?
Que pessoas tocaram seu coração?
A quem amou e por quem foi amada?
Celita é mistério, é passado, é presente vivo

O silêncio de Blondina
No silêncio de Blondina ecoa uma voz
Uma voz carregada de história
Mais de um século de vida
Vida que reverbera energia e vigor
Palavras balbuciadas em alemão
Expressão máxima de uma emoção envolvente
Blondina pega nossa mão e leva até seu rosto
Acaricia, sente, se conecta
Ela tem tanto a dizer
Mas não diz
Seus lábios movem-se
Na composição de canções e relatos
Mas não ouvimos nenhum som
As histórias permanecem guardadas
Na memória e no silêncio de Blondina

O sorriso de Asumpta
Por trás do sorriso, Asumpta esconde uma vida
Já não é possível ouvir sua história
Distinguir suas palavras
Seu sorriso preenche o rosto inteiro
As linhas que se formam em cada riso
Carregam as lembranças de uma vida
Que ela não mais é capaz de contar
A cada risada, vocábulos incompreensíveis
Ela sorri do mundo, da vida, das pessoas
As unhas coloridas, anéis em todos os dedos
Denunciam a vaidade, o amor pelo belo
Asumpta é uma moça que parou no tempo
Ou foi o tempo que parou pra ela?

Os olhos de Alice
Os olhos de Alice já não veem mais o mundo com nitidez
Eles enxergam apenas as sombras
São olhos cansados, de quem já viu muita coisa
Do belo ao horrendo, da dor ao amor
Alice já viu de tudo
Em sua mente habita uma vida
Memórias do passado que ela revisita com olhar marejado
Lembra da mãe como se a tivesse visto no dia anterior
Fala dela em versos amorosos
Relembra as receitas de infância
Comidas gostosas que a mãe fazia
Relata tudo com minuciosos detalhes de dar água na boca
No fim, Alice deixa o seu pedido pelas pessoas
Ela quer paz
E não é do que mais precisamos?
Alice é sabedoria
É poesia viva

Theno

Edmundo

Adonair

Armando Rossi

Anselmo

Carlos

Fiorindo

Raquel

Hedio

Tânia

Alípio






