10/11/2020 às 00:50

Projeto Memórias e Poesias

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3min de leitura

Aqui está um projeto que te faz refletir, te faz parar e pensar no que a vida é, e como o tempo passa rápido.Eu, Vanessa Baron, juntamente com a Kelly Cristiane, realizamos um projeto envolvendo  memórias e poesias no Lar de idosos Coração de Jesus, na cidade de Rolante.Por meio desse projeto, proporcionamos aos idosos poesias da poeta brasileira Cora Coralina, fotografias, música e muita diversão.Ao final, nossos encontros com eles resultaram na produção de poemas, retratando a vivência de alguns.Salientamos que esta produção cultural foi financiada com recursos da Lei Aldir Blanc.

A gratidão de Nadir

Do profundo do olhar de Nadir

Emana uma gratidão que emociona

Na sombra da árvore, cercada de amigos

Nadir celebra a vida

Agradece pelo presente

Por estar comendo um bolo

E sentindo o vento no rosto

Por não estar no hospital como no ano anterior

Nadir não fala muito

Silencia seus pensamentos e os guarda pra si

De feições serenas, ela sopra as velas e sorri

Nadir é bondade, é alegria suave, é gratidão pelo existir.

A inocência de Doraci

De passos leves e inquietos

Doraci percorre o espaço ao redor

A memória falha quando fala do passado

Ela precisa descansar, relembrar

Dar tempo às lembranças para surgirem

Doraci é menina, inocente, tranquila

Às vezes pede silêncio

Precisa escutar os próprios pensamentos

Outras vezes diz o que pensa

Não teme julgamentos

Depois pede desculpas

Pelo que disse, o que fez, o que os outros fizeram

Doraci abraça, solta as palavras sem medo

Ela é franqueza, sinceridade, coração.

 

Memórias de Iracema

Saudosa, Iracema revisita o passado

Lá ela encontra o marido

Um amor que a morte separou após 50 anos

Uma dor que ela ainda carrega

É também no passado que está a filha

Transformada em anjo ainda tão nova

Iracema traz marcas de uma vida sofrida, mas bela

De repente, ela solta a voz em um canto

A juventude emerge em seus braços cansados

Iracema carrega na voz a força que a sustentou toda a vida

A voz de Iracema é forte, como ela

Nos versos e na música sua alma se renova

Depois se cala, recolhe-se em suas memórias

Onde habita a poesia de uma trajetória linda

Que ela não se cansa de contar.

A alegria de Astor

De riso fácil e piada pronta

Astor leva a vida leve 

Ele diz acreditar em dias melhores

Mas está feliz com o dia de hoje

Sobre as rodas de sua cadeira 

Astor brinca, faz graça

Do passado, pouco fala

E pra lá não gostaria de voltar

Tem contentamento no agora

Astor emana uma energia contagiante

Uma felicidade natural

Astor é leveza e alegria.

O mundo de Celita

Celita habita o silêncio de seu mundo

Os ouvidos já não cumprem bem o seu papel

Ela parece envolta em um universo particular

Celita, suas lembranças, uma incógnita

No rosto as marcas do sol 

Que a aqueceu todos os dias

Memórias de uma jornada

Um caminho

Quem terá caminhado com ela?

Que pessoas tocaram seu coração?

A quem amou e por quem foi amada?

Celita é mistério, é passado, é presente vivo

O silêncio de Blondina

No silêncio de Blondina ecoa uma voz

Uma voz carregada de história

Mais de um século de vida

Vida que reverbera energia e vigor

Palavras balbuciadas em alemão

Expressão máxima de uma emoção envolvente

Blondina pega nossa mão e leva até seu rosto

Acaricia, sente, se conecta

Ela tem tanto a dizer

Mas não diz

Seus lábios movem-se

Na composição de canções e relatos

Mas não ouvimos nenhum som

As histórias permanecem guardadas

Na memória e no silêncio de Blondina

O sorriso de Asumpta

Por trás do sorriso, Asumpta esconde uma vida

Já não é possível ouvir sua história

Distinguir suas palavras

Seu sorriso preenche o rosto inteiro

As linhas que se formam em cada riso

Carregam as lembranças de uma vida

Que ela não mais é capaz de contar

A cada risada, vocábulos incompreensíveis

Ela sorri do mundo, da vida, das pessoas

As unhas coloridas, anéis em todos os dedos

Denunciam a vaidade, o amor pelo belo

Asumpta é uma moça que parou no tempo

Ou foi o tempo que parou pra ela?

Os olhos de Alice

Os olhos de Alice já não veem mais o mundo com nitidez

Eles enxergam apenas as sombras

São olhos cansados, de quem já viu muita coisa

Do belo ao horrendo, da dor ao amor

Alice já viu de tudo

Em sua mente habita uma vida

Memórias do passado que ela revisita com olhar marejado

Lembra da mãe como se a tivesse visto no dia anterior

Fala dela em versos amorosos

Relembra as receitas de infância 

Comidas gostosas que a mãe fazia

Relata tudo com minuciosos detalhes de dar água na boca

No fim, Alice deixa o seu pedido pelas pessoas

Ela quer paz 

E não é do que mais precisamos?

Alice é sabedoria

É poesia viva

Theno

Edmundo 

 Adonair

Armando Rossi

Anselmo

Carlos

Fiorindo

Raquel

Hedio

Tânia

Alípio

10 Nov 2020

Projeto Memórias e Poesias

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